quinta-feira, 9 de julho de 2009

Da legitimidade - 2

" (...) Este Reino é obra de soldados. Destacou-o da Espanha, conquistou-o palmo a palmo um príncipe aventureiro que passou a vida com a espada segura entre os dentes, escalando muralhas pela calada da noite, expondo-se à morte a cada momento, tão queimado do sol, tão curtido dos vendavais como o ínfimo dos peões que o seguia. Firmou-lhe a independência o Rei de « Boa Memória » , que tantas noites dormiu com a armadura vestida e a espada à cabeceira, bem distante dos regalos dos Paços Reais. E para a formação de Vossa Casa concorreu com ele o mais bravo dos seus guerreiros, que simbolizou e resumiu em si quanto havia de nobre e puro na História Medieval, um herói e um santo. Mais tarde, o « Príncipe Perfeito », depois de haver mostrado que sabia terçar lanças em combate com o melhor dos cavaleiros, depois de haver abatido de vez todas as cabeças que se erguiam por demais altivas perante a Coroa Real, deu pela força da sua vontade de ferro um impulso de tal ordem às nossas naus, que foram ter ao Cabo da Boa Esperança, abrindo a Portugal o caminho por onde chegou ao apogeu da glória (...) "

- Mouzinho de Albuquerque, Carta ao Príncipe Real D.Luís Filipe de Bragança, Guimarães Editores, 2008.

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